OUTUBRO 31, 2010
NÓDULO DE TIREÓIDE | Diagnóstico e como diferenciá-lo do câncer
A tireóide, ou tiróide, é uma glândula em forma de borboleta localizada no pescoço, logo abaixo da laringe. Os nódulos da tireóide são lesões arrendondas, em forma de esfera, que surgem no tecido da tireóide, podendo ser causadas por várias condições, a maioria delas benigna.
A presença de um nódulo na tireóide é um evento bastante comum na prática clínica. Estima-se que até 1/3 das mulheres adultas tenham nódulos que possam ser detectados pela ultrassonografia. Apesar de ser um diagnóstico que causa certa preocupação nos pacientes, a verdade é que menos de 5% dos nódulos diagnosticados acabam por ser causados por uma doença maligna.
Antes de seguirmos em frente explicando os nódulos da tireóide, sugiro a leitura dos nossos outros textos sobre a glândula tiróide, onde eu explico com mais detalhes o seu funcionamento e os efeitos dos hormônios tireoidianos.
- DOENÇAS E SINTOMAS DA TIREÓIDE
- HIPOTIREOIDISMO (TIREOIDITE DE HASHIMOTO)
- HIPERTIREOIDISMO E DOENÇA DE GRAVES
Tipos de nódulo de tireóide
A maioria dos nódulos da tireóide são causados por adenomas, tumores benignos (ou seja, não é câncer). Entre os tipos de nódulos mais comuns podemos citar:
- Nódulo colóide: são tumores benignos formados por tecido idêntico ao da tireóide. Podem ser únicos ou múltiplos.
- Adenoma folicular: também é um tipo de tumor benigno da tireóide. Normalmente solitário, o adenoma folicular pode produzir hormônios tireoidianos de forma independente, sendo chamado de adenoma tóxico.
- Cisto da tireóide: são os nódulos que contém líquido no seu interior. A imensa maioria dos cistos da tireóide é benigna, porém, alguns cistos que apresentam uma mistura de material sólido e líquido, chamados de cistos complexos, podem ser na verdade um câncer de tireóide.
- Nódulo inflamatório: é um nódulo que se desenvolve devido a uma inflamação da glândula tireóide (tireoidite). Também é um nódulo que não é câncer
- Bócio multinodular: é uma tireóide com múltiplos nódulos que podem variar de tamanho, desde alguns milímetros até vários centímetros. Quando estes múltiplos nódulos são funcionantes, ou seja, capazes de produzir hormônio tireoidiano, chamamos a doença de bócio multinodular tóxico (ou doença de Plummer), sendo esta, depois da doença de Graves, a principal causa de hipertireoidismo.
- Câncer de tireóide: geralmente são nódulos únicos, sólidos, bem aderidos a tireóide, de rápido crescimento e não produtores de hormônios. É comum haver a presença de linfonodos palpáveis no pescoço associados ao nódulo maligno.
Sintomas do nódulo de tireóide
A maioria dos nódulos da tireóide não causa sintomas. Quando o fazem, há dois motivos: (1) porque são funcionais, produzindo hormônios tireoidianos em demasia, ou (2) porque são grandes, obstruindo estruturas próximas e tornando-se aparentes. Os sintomas mais comuns dos nódulos grandes são o incômodo para engolir e a sensação de um caroço na base do pescoço. Os nódulos funcionante causam os mesmo sintomas do hipertireoidismo (leia: HIPERTIREOIDISMO E DOENÇA DE GRAVES).
O câncer de tireóide quando causa sintomas, o faz pelo seu crescimento rápido. Pode causar dificuldade para engolir, para respirar e rouquidão. Outros sintomas comuns são o emagrecimento e a presença de linfonodos no pescoço.
Diagnóstico do nódulo de tireóide
Uma vez identificado o nódulo de tireóide, seja pelo exame físico ou por algum exame de imagem, o passo mais importante é determinar se se trata de um nódulo benigno ou maligno.
A ultrassonografia é um bom exame para avaliar a morfologia do nódulo, porém é ruim para determinar se o mesmo é funcionante ou não. Lembre-se que o câncer costuma ser um nódulo não funcionante. Um nódulo suspeito de ser câncer ao ultra-som costuma ter bordos irregulares, ser hipoecoico, ter calcificações e apresentar fluxo sanguíneo. Porém, estes achados não são suficientes para se confirmar um câncer, sendo a biópsia sempre necessária em casos suspeitos.
A dosagem do TSH, T3 e T4 sanguíneos é importante para se avaliar o funcionamento do nódulo (leia: DOENÇAS E SINTOMAS DA TIREÓIDE para entender os funcionamento da tireóide). Dependendo deste resultado, a investigação toma um rumo diferente. De modo simplificado podem dizer que:
- Quando o TSH está baixo, isto normalmente indica um nódulo produtor de hormônios, sendo o próximo passo a realização de uma cintigrafia de tireóide para confirmar que o nódulo é ativo. Nódulos funcionantes não costumam ser malignos.
- Quando o TSH está alto é provável haver uma tireoidite, sendo indicada a dosagem dos anticorpos contra a tireoide (anti-TPO e anti-tireoglobulina). Pode-se tratar de um Hashimoto em fase inicial.
- Se o TSH for normal, indica-se a punção por agulha fina, removendo-se um pequeno pedaço de tecido do nódulo para avaliação microscópica. A aspiração por agulha fina é nada mais que uma biópsia que pode ser feita no próprio consultório com anestésico local.
A aspiração por agulha fina pode não ser conclusiva em alguns casos de câncer, por isso, uma boa investigação do nódulo é necessária para não se deixar passar o diagnóstico.
Tratamento do nódulo de tireóide
O tratamento do nódulo de tireóide depende do tipo de nódulo que foi identificado na investigação. Se houver segurança de que se trata de um nódulo benigno, não é preciso fazer nada e indica-se apenas a monitorização.
Se o nódulo for benigo, mas estiver produzindo hormônios de forma indesejada, a cirurgia para remoção do mesmo está indicada. Outra opção é a destruição do nódulo com irradiação.
A cirurgia também está indicada quando há suspeita de que o nódulo possa ser um câncer. Atualmente maioria dos pacientes com câncer de tireóide tem boas chances de cura. Falaremos do câncer de tireóide em um texto a parte b