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25 de dez. de 2010

LABIRINTITE | Sintomas e tratamento


LABIRINTITE | Sintomas e tratamento






A labirintite, também conhecida como neurite vestibular, neurolabirintite ou vestibulopatia periférica aguda, é uma inflamação do ouvido interno, sendo uma doença benigna e auto-limitada que causa intensas vertigens.

Neste texto vamos abordar apenas as vertigens causadas pela labirintite. Para um maior entendimento do assunto tonturas e vertigens, sugerimos também a leitura dos textos: TONTURA E VERTIGEM | Causas e sintomas e CINETOSE | ENJOO DE MOVIMENTO

Falaremos agora dos sintomas da labirintite, das suas causas e opções de tratamento.

Ouvido interno
Ouvido interno - Aparelho vestibular e labirinto
Labirinto e ouvido interno


Para entender o que é a labirintite é preciso primeiro saber o que é o labirinto e como funciona o ouvido interno.


O labirinto é um órgão que faz parte do aparelho vestibular, responsável pela manutenção do equilíbrio. O labirinto é um conjunto de arcos semicirculares que possuem líquidos em seu interior. A movimentação destes líquidos é interpretado pelo cérebro ajudando a identificar movimentos e a nos manter em equilíbrio.


As informações passadas pelo labirinto através da movimentação destes líquidos ajudam o cérebro a interpretar movimentos angulares, acelerações lineares e forças gravitacionais. Quem "sente" e leva esses movimentos dos líquidos para serem interpretados pelo cérebro é o nervo vestibulococlear, também chamado de nervo auditivo. O nervo auditivo possui dois ramos, cada um responsável por uma das funções básicas do ouvido: o ramo coclear informa o cérebro sobre sons captados pelo ouvido enquanto que o ramo vestibular informa sobre movimentos do nosso corpo captados pelo aparelho vestibular.


Apenas como curiosidade: você sabe por que ficamos tontos depois de rodarmos várias vezes? Porque quando paramos de rodar, apesar de já estarmos parados, os líquidos dentro do nosso ouvido interno ainda ficam em movimento rotacional por alguns segundos, fazendo com que o cérebro interprete que ainda estamos rodando. Se fecharmos os olhos, a tontura aumenta ainda mais, pois de olhos abertos a visão avisa o cérebro que estamos parados, atenuando assim a mensagem errada que o nervo auditivo está enviando.


O que é labirintite?


O termo labirintite tem sido usada erroneamente para designar qualquer doença do labirinto. Na verdade, labirintite é a inflamação do labirinto e/ou da porção vestibular do nervo auditivo, responsável pela inervação do labirinto. Esta inflamação é na maioria das vezes causada por uma infecção viral. Em pelo menos 50% dos casos de labirintite, o paciente refere ter tido uma virose respiratória recente, como gripe, sinusite ou faringite. Leia:
- GRIPE E RESFRIADO | Diferenças e sintomas
- DOR DE GARGANTA | FARINGITE | AMIGDALITE
- SINUSITE | Sintomas e tratamento


A labirintite também pode ser causada por outros tipos de vírus, como o Varicela zoster, o vírus responsável pela catapora (varicela) e pelo herpes zoster (leia: CATAPORA (VARICELA) | HERPES ZOSTER | Sintomas e tratamento). A reativação da catapora, chamada de herpes zoster pode acometer o ouvido interno, em um quadro chamado de síndrome de Ramsay-Hunt, onde se caracterizam a vertigem, perda de audição, lesões dermatológicas e paralisia facial (leia: PARALISIA FACIAL | PARALISIA DE BELL | Causas e Tratamento).


Mais raramente, a labirintite pode ser causada por uma infecção bacteriana, ocorrendo geralmente após um quadro de otite bacteriana ou meningite bacteriana (leia: MENINGITE | Sintomas, Transmissão e Vacina). A labirintite de origem bacteriana é um caso mais grave que a labirintite viral, podendo evoluir com surdez permanente e sepse (leia: O QUE É SEPSE E CHOQUE SÉPTICO?).


Sintomas da labirintite


A labirintite se caracteriza por um quadro súbito de intensa vertigem*, comumente associado a náuseas, vômitos e desequilíbrio ao andar. O quadro de vertigens costuma ser tão forte que o paciente procura ficar acamado.


* Chamamos de vertigem a tontura que tem característica rotatória, ou seja, aquela em que temos a impressão de que nós ou o ambiente ao redor está girando.


Um sinal importante de vertigem é a presença do nistagmo: involuntários, rápidos e curtos movimento dos olhos, geralmente em direção lateral, como no vídeo abaixo. Ela ocorre na labirintite e em todas as outras doenças que cursam com vertigens.




As tontura do tipo vertigem também tem como característica o fato de apresentar períodos de melhora e piora ao longo dos dias. As vertigens costumam piorar sempre que há movimentos bruscos da cabeça.


Quando a labirintite é causada pela inflamação do labirinto, também está presente a perda auditiva do ouvido acometido. Quando a labirintite ataca apenas o ramo vestibular do nervo auditivo, caracterizando uma neurite vestibular pura, há apenas as tonturas sem que haja perda auditiva, pois o ramo coclear está intacto. O quadro de perda auditiva geralmente é de leve a moderada intensidade, sendo mais evidente para sons de alta frequência. Também é comum a presença de zumbidos.


Alguns médicos fazem a distinção entre a labirintite e a neurite vestibular, chamando de labirintite apenas os casos onde há perda auditiva, indicando inflamação do labirinto e não do ramo vestibular do nervo auditivo.


Portanto, resumindo os mais comuns sintomas da labirintite: vertigens, enjoos, vômitos, desequilíbrio, perda de audição e zumbidos.


Duração da labirintite


A labirintite é uma doença auto-limitada que melhora espontaneamente, mas em alguns casos os sintomas podem durar algumas semanas. Via de regra, os 2 ou 3 primeiros dias são os piores, com o quadro apresentando melhora progressiva ao longo dos próximos dias. Uma tontura residual, principalmente após movimentos bruscos da cabeça, pode persistir por vários meses.


Apenas 1% ou 2% dos pacientes que tiveram labirintite apresentam recorrência da doença, geralmente no ouvido que não havia sido acometido.


Tratamento da labirintite


Como já foi dito, a labirintite é um quadro auto-limitado que melhora sozinho com o tempo. Entretanto, os sintomas costumam ser muito intensos, incômodos, e por vezes, prolongados. Repouso e hidratação estão indicados para todos os casos.


O uso de corticóides parece acelerar a cura da labirintite de origem viral. O regime mais usado é de prednisona em dose alta (60mg) por 5 dias com redução progressiva até 5mg no 10ª dia (leia:PREDNISONA E CORTICÓIDES | Indicações e efeitos colaterais).


O uso de medicamentos para controlar os sintomas também está indicado, os mais usados são antieméticos (contra enjoos) como a metoclopramida (Plasil® ou Primperan®) e anti-histamínicos. Em alguns casos pode-se usar também ansiolíticos como alprazolam e diazepam.


A Labirintite bacteriana é tratada com antibióticos.


SARCOMA DE KAPOSI :comlicações e sintomas da AIDS


O Sarcoma de Kaposi é um tipo incomum de câncer, muito raro há algumas décadas, que passou a ser visto na prática médica com alguma frequência após o surgimento da AIDS (SIDA) e do aumento da incidência de tratamentos que envolvem imunossupressão, como nos transplantes de órgãos. Neste texto vamos abordar as causas, os sintomas e o tratamento deste tumor

Causas do sarcoma de Kaposi

O sarcoma de Kaposi é um câncer indolente que surge dos tecidos dos vasos sanguíneos e linfáticos. As células cancerígenas do sarcoma de Kaposi formam tumores que normalmente se apresentam clinicamente como nódulos arroxeados ou amarronzados na pele.

O sarcoma de Kaposi é causado por um subtipo de vírus da família do Herpesvírus, chamado de HHV 8 ou KSHV (Kaposi sarcoma herpes vírus). Apesar de serem da mesma família, o HHV 8, que causa o sarcoma de Kaposi, nada tem a ver com os HHV 1 e HHV 2, que causam os herpes labial e herpes genital. Para conhecer todos os tipos de Herpesvírus, leia: HERPES LABIAL | HERPES GENITAL | Sintomas e tratamento.

Apesar do vírus HHV 8 ser o responsável pelo surgimento deste tumor, somente a sua infecção não é suficiente para o desenvolvimento da doença. Na verdade, apenas 0,03% das pessoas saudáveis contaminadas pelo HHV 8 desenvolvem o sarcoma de Kaposi. Esta baixíssima taxa de adoecimento se deve ao fato do nosso sistema imune ser capaz de controlar o vírus, o que fez com que durante séculos o sarcoma de Kaposi fosse um tumor muito raro.

Porém, desde o surgimento da pandemia de AIDS na década de 1980 e do desenvolvimento de tratamentos que envolvem drogas imunossupressoras, como no caso dos transplantes de órgãos e das doenças auto-imunes (leia: O QUE É DOENÇA AUTO-IMUNE?), o número de pessoas vivendo com o seu sistema imune comprometido têm aumentado progressivamente, trazendo consigo uma gama de novas doenças que antes eram raras, entre elas, o sarcoma de Kaposi. Entre as drogas imunossupressoras mais associadas ao surgimento do Kaposi estão a Ciclosporina e os corticóides (leia: PREDNISONA E CORTICÓIDES | Indicações e efeitos colaterais).

Não se sabe bem como é feita a transmissão do HHV 8 de uma pessoa para outra, porém, parece que a via sexual e a transmissão através da saliva são as principais vias.

Neste texto vamos dar ênfase ao sarcoma de Kaposi relacionado a infecção pelo HIV, porém, vale a pena gastarmos algumas linhas falando sobre o sarcoma de Kaposi clássico, que surge em pacientes saudáveis e com sistema imune intacto.

Sarcoma de Kaposi clássico

O sarcoma de Kaposi clássico é um tumor raro, de curso indolente, não relacionado a imunossupressão e que ocorre com mais frequência em pessoas idosas etnicamente ligadas aos povos do mediterrâneo e do oriente médio.

Existe ainda uma segunda forma chamada de sarcoma de Kaposi africano, também raro e não relacionado a imunossupressão, que ocorre em pessoas da África equatorial, Esta forma difere do Kaposi clássico por ser mais agressivo e acometer preferencialmente jovens e crianças.

Sarcoma de Kaposi relacionado a AIDS (SIDA)

Apesar de ser um tipo de câncer conhecido desde o século XIX, o sarcoma de Kaposi tornou-se relativamente comum apenas a partir da década de 1980, com a explosão da AIDS.

O Kaposi é um tumor tipicamente de homens, sendo 15x mais comuns do que em mulheres. Não se sabe por que, mas a doença acomete preferencialmente homens homossexuais, sendo menos comum em homens soropositivos que adquiriram o HIV através de transfusão sanguínea, drogas injetáveis ou por sexo com mulheres.

Sintomas do sarcoma de Kaposi na AIDS

Ao contrário da forma clássica, o sarcoma de Kaposi na AIDS pode ser uma doença disseminada e de rápida evolução, causando significativa mortalidade. Atualmente, porém, devido a elevada eficácia dos anti-retrovirais no controle do HIV, o Kaposi não costuma ser um tumor tão agressivo como víamos nas décadas de 80 e 90.

O envolvimento da pele é o sintoma mais característico e comum, acometendo principalmente membros inferiores, face, mucosa oral e genitália. As lesões variam entre manchas e pequenos nódulos de formato arredondado. As cores podem variar entre roxo, vermelho e marrom. As lesões costumam ser assintomáticas, não doem e não causam comichão.
Sarcoma de KaposiSarcoma de KaposiSarcoma de Kaposi


Imagens de lesões cutâneas do Sarcoma de Kaposi

Além das típicas lesões na pele, o sarcoma de Kaposi também é muito comum na mucosa oral, acometendo cerca de 30% dos pacientes. O palato (céu da boca) e a gengiva são os locais mais afetados.

Sarcoma de Kaposi na cavidade oral
Nos pacientes com grave imunossupressão, o sarcoma de Kaposi pode se desenvolver em órgãos internos, sendo o trato respiratório e gastrointestinal os mais comuns. Nestes casos, os sintomas são semelhantes ao de qualquer outro tumor nestes sítios, como falta de ar, tosse com ou sem sangue no escarro, dor torácica, sangramento nas fezes, obstrução intestinal e diarréia.

O tumor pode surgir em qualquer órgão do corpo, incluindo linfonodos, ossos, pâncreas, testículos, fígado, coração e músculos.

O diagnóstico do Kaposi costuma ser simples, sendo obtido através de uma biópsia de pele. Após o estabelecimento do diagnóstico, o próximo passo é avaliar o estágio da doença, definindo se a mesma encontra-se restrita a pele, ou já acometeu órgãos internos. Quanto maior o grau de imunossupressão, e no HIV isto é definido pela contagem de CD4+ e pela carga viral, maior o risco de doença difusa. A confirmação do sarcoma de Kaposi é um dos critérios para se classificar um portador do HIV como portador de AIDS (leia: SINTOMAS DO HIV E AIDS (SIDA) e TESTE PARA HIV | AIDS | Sorologia para HIV).

Tratamento do sarcoma de Kaposi

No sarcoma de Kaposi clássico o tratamento inclui quimioterapia e radioterapia de acordo com o estágio e a localização do tumor.

No Sarcoma de Kaposi relacionado a AIDS ou a imunossupressão, o principal objetivo é tentar restabelecer o sistema imune. Nos pacientes com AIDS está indicado o início do coquetel de anti-retrovirais. Nos pacientes medicados com imunossupressores, deve-se suspender essas drogas, ou pelo menos reduzir as doses para tentar reduzir o grau de imunossupressão. Se a doença for extensa, a quimioterapia pode ser indicada.

Leia mais: http://www.mdsaude.com/2010/12/sarcoma-kaposi.html#ixzz1997y1Ftr

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