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13 de jul. de 2011

BBC Serie sobre Cirurgia: Sangue e Visceras

História da Neurocirurgia: Harvey Cushing: "

Harvey Cushing foi um desses gênios obsessivos que sacrificam tudo em nome de um ideal. No caso de Cushing, este ideal era a neurocirurgia, ainda nos seus primórdios, no início do século XX.

Quando Harvey Cushing (1869-1939) deu seus primeiros passos na carreira de neurocirurgia, em 1901, as perspectivas para o campo eram desanimadoras, porque as taxas de mortalidade e morbidade eram elevadíssimas. Entretanto, Cushing conseguiu realizar cirurgias intracranianas clinicamente eficazes, e não apenas viáveis, com uma tecnologia inovadora na época: o conhecimento e controle da pressão intracraniana (PIC). Em 1910, Cushing tinha acumulado um número suficiente de casos de pacientes com tumores operados com sucesso (180) para ter estatísticas convincentes. Sua taxa de mortalidade por tumores era de 10-15%.

Posteriormente, Cushing desenvolveu outras técnicas e incorporou métodos eletrocirúrgicos, que facilitaram a ressecção segura de tumores cerebrais, que anteriormente se presumia serem inoperáveis​​. Essas conquistas foram fundamentais para a criação da neurocirurgia.
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retirado de http://semiologiamedica.blogspot.com/2011/06/historia-da-neurocirurgia-harvey.html

O Fenômeno das Ligas Acadêmicas de Estudantes de Medicina

O Fenômeno das Ligas Acadêmicas de Estudantes de Medicina: "

Por Pablo Alves Auad Moreira
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo
As ligas acadêmicas (LA) são entidades formadas por alunos da graduação sob a supervisão de professores da área médica e têm como um de seus principais objetivos o aprofundamento em determinada temática de Medicina. Assiste-se a um fenômeno de expansão exagerada das LA. Tais entidades, se bem conduzidas, podem trazer grandes benefícios à formação médica; entretanto, a multiplicação de ligas acadêmicas estudantis sem o devido critério pode acarretar consequências negativas para os discentes.

Palavras-chave: Ligas acadêmicas. Educação médica. Atividades extracurriculares.

As Ligas Acadêmicas (LA) são entidades formadas por grupos de alunos de diferentes anos da graduação, que decidem se aprofundar em determinado tema, sob a supervisão de profissionais e professores vinculados a Instituição de Ensino Superior ou Hospitais de Ensino. As LA participam de forma efetiva na educação médica, promovendo conhecimento e atuação em áreas específicas e permitindo aproximação do estudante com as especialidades. Elas entram, juntamente com outras atividades extracurriculares, no chamado currículo paralelo do estudante de medicina.

A primeira LA brasileira foi criada em 1920, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e constituiu-se na 'Liga de Combate à Sífilis'. No Brasil, a expansão das LA foi dada inicialmente num momento de grande tensão político-social, correspondente aos anos da ditadura militar. Nesse contexto, associações estudantis passaram a questionar a essência do ensino universitário e o direcionamento e a aplicabilidade dos avanços técnico-científicos.

As escolas médicas brasileiras estão assistindo a um fenômeno exagerado de criação de novas ligas acadêmicas. Aumento este que se refletiu na criação, em setembro de 2006, da Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina (ligada à Associação Brasileira de Educação Médica, 2007) durante o 8º Congresso Brasileiro de Clínica Médica, sediado em Gramado/RS, o que representou um marco na história da medicina brasileira, contando com o apoio de várias entidades médicas regionais e nacionais.

A proliferação das ligas, interessantemente, coincide com os períodos de reformas curriculares, o que pode sugerir uma busca dos estudantes por complementação de conteúdos num contexto de currículos que talvez não lhes transmitam segurança. Corroboram esta hipótese os dados de Tavares et al. (2004), que apontam como principal motivação para atividades extracurriculares a aquisição de maior experiência clínica e um currículo melhor.

As ligas têm constituído, ainda que informalmente, importante cenário de inserção do estudante em serviços de atenção à saúde e têm sido fonte de motivação para os estudantes. Por possibilitar uma maior aproximação com a prática médica, estudos observam que há uma maior participação de estudantes dos quatro primeiros anos da graduação. Segundo o estudo de Peres e Andrade (2007), a participação em LA foi a atividade mais frequentemente relatada pelos estudantes do primeiro ao terceiro ano do curso de medicina, e 'aproximar-se da prática médica' foi o principal motivo apontado nesse quesito.

As LA proporcionam a introdução dos estudantes dentro de um tema de interesse, em um ambiente construído e conduzido por eles próprios, sob orientação, tornando possível uma grande aquisição de aprendizado e experiência.

Idealmente, espera-se que as LA constituam-se de um ambiente onde o aluno possa atuar junto à comunidade como agente de promoção de saúde e transformação social, ampliando o objeto da prática médica, reconhecendo as pessoas como atores do processo saúde-doença, o qual envolve aspectos psicossociais, culturais e ambientais, e não apenas biológicos.

As LA, então, podem propiciar, além do desenvolvimento de senso crítico e raciocínio científico, uma prática mais ampla do exercício da cidadania, com o olhar voltado para as necessidades sociais e a integralidade da assistência à saúde.

A participação dos alunos em LA ocorre em âmbitos de ações em saúde, ensino, pesquisa e extensão; aspectos que, a despeito das divergências estruturais nos diferentes cenários do ensino médico, são relativamente homogêneos em todas as regiões brasileiras.

Desta forma, além de aulas, cursos, atividades de pesquisa e assistência em diferentes cenários da prática médica, seria importante a inserção dos alunos na comunidade, por meio de atividades educativas, preventivas ou de promoção à saúde, como feiras de saúde e campanhas, objetivando melhorar a qualidade de vida da população e adquirir mais experiência e conhecimento.

Tavares et al. (2004) afirmam que estas atividades são extremamente comuns e constituem 'parte importante do treinamento da maioria dos estudantes de medicina brasileiros, servindo claramente como complementação de seu treinamento sabidamente deficiente na maioria de nossas escolas ' (TAVARES et al., 2004, p.6).

Por outro lado, segundo Peres et al. (2007), o envolvimento de alunos em atividades extracurriculares não representa apenas uma tentativa de preencher lacunas curriculares, mas também de integrar-se com colegas e de atender a indagações profissionais. Vieira et al., num estudo com o objetivo de identificar e descrever as atividades extracurriculares de estudantes de Medicina, citam-nas como estratégia de socialização e mecanismo de adaptação e combate ao estresse.

Esta aspiração por atividades práticas dos participantes das LA parece relacionada ao desejo de reconhecimento social e à satisfação da necessidade do graduando de praticar suas habilidades precocemente, abrandando a necessidade psicossocial de ser reconhecido como um adulto profissionalmente capaz.

Apesar dos inúmeros benefícios que a formação das LA podem trazer à formação médica, elas podem oferecer riscos à formação profissional seja por falta de orientação pedagógica seja por inadequada supervisão docente, conferindo aos estudantes autonomia inaceitável e incompatível com seu nível de formação. Para Taquette et al. (apud HAMAMOTO FILHO et al., 2010) , uma das possíveis consequências dos estágios práticos sem supervisão adequada é a aprendizagem de conceitos e técnicas errados e a incorporação de condutas antiéticas à prática profissional.

É fundamental que as LA não se afastem muito da sua função primária de extensão universitária, deixando em segundo plano ou ignorando totalmente as atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde.

É referido também o risco de que as atividades das ligas tragam uma carga horária adicional, nos moldes das atividades acadêmicas de rotina, reproduzindo a lógica meritocrática e as relações burocratizadas e hierárquicas da instituição, fortalecendo um ambiente competitivo na escola médica. Dessa forma, fazendo com que a atuação nestas seja apenas mais uma forma de aumentar os curriculum vitae dos alunos com certificados de participação, ou ainda uma forma de se destacar diante de alguns professores, buscando a futura seleção para os programas de residência. As LA também não deveriam se prestar ao papel de simplesmente antecipar conteúdos curriculares que serão oferecidos posteriormente ao aluno, ao longo do curso.

Algumas ligas se tornam espaços de "especialização precoce", oferecendo riscos ao inserirem o estudante em práticas clínicas de áreas específicas, e não oferecendo qualquer serviço em prol da comunidade.

Preocupa, também, o fato da multiplicação acrítica das LA, sem que se levem em consideração sua relevância acadêmica e social, a clareza e coerência pedagógica de seus objetivos, seu modelo de gestão (sustentabilidade, critérios para entrada de membros, interação com outras LA), e sua ideologia (democratização, articulação com o Sistema Único de Saúde, amplo entendimento dos processos de adoecimento e respeito a princípios éticos e humanísticos).

Peres e Andrade (2005) concluíram que pouco se sabe a respeito do impacto das atividades extracurriculares sobre o desenvolvimento psicossocial e cognitivo, o rendimento acadêmico e o ajustamento do estudante à Universidade. Mesmo assim, não há dúvidas sobre a necessidade de implementar medidas de racionalização de abertura de novas ligas.

As ligas acadêmicas, portanto, merecem atenção nas discussões sobre educação médica. É fundamental dirigir a atenção ao seu modelo de funcionamento e avaliar objetivamente seu impacto na educação médica. Acredita-se que o crescimento do número de ligas deve ser analisado criticamente.

Espera-se que as propostas de novas ligas tenham relevância acadêmica e social, articulem bem as propostas de ensino, pesquisa e extensão, tenham modelo de gestão adequado para autossustentabilidade e democratização de processos, bem como respeito a princípios éticos e humanísticos nas atividades planejadas.

Do ponto de vista da participação dos alunos nos rumos das instituições, é fundamental que as LA não sirvam simplesmente para preencher lacunas curriculares, diminuindo o envolvimento e o interesse - tanto de discentes quanto de docentes - na discussão sobre mudanças curriculares necessárias. Corre-se o risco de as LA se tornarem apenas apêndices das disciplinas curriculares, num mecanismo de funcionarem apenas como 'tapa-buracos'.

As LA podem desempenhar um papel interessante na formação médica, devendo-se permanecer atento para que não caiam na armadilha de se configurarem como meras reproduções das distorções existentes na formação médica, mas na verdade se contraponham a estes problemas. Nelas, idealmente, os estudantes devem ter oportunidade de fazer escolhas de modo ativo e livre, ter iniciativas inovadoras, trocar experiências e interagir com colegas interessados nos mesmos assuntos e escolhidos por afinidade.

Espera-se que, nesse contexto, os estudantes possam adquirir conhecimentos práticos sem pressão, com mais satisfação e de modo mais significativo, desenvolver potenciais intelectuais, afetivos e relacionais, assim como a capacidade crítica e reflexiva, exercer a criatividade, a espontaneidade e a liderança, sendo mais atores e menos expectadores do processo ensino-aprendizagem.

Deste modo, as LA poderiam contribuir de fato para a adequada formação de um médico generalista humano e ético, reflexivo e crítico, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania. As LA podem favorecer o desenvolvimento de um profissional capaz de perceber e acolher o paciente em sua complexa integralidade biopsicocultural, capaz de trabalhar, respeitosa e construtivamente, em equipe multidisciplinar, e disposto a procurar ativa e permanentemente o conhecimento.

Referências
TORRES, A. R. et al. Ligas Acadêmicas e formação médica: contribuições e desafios. Interface Botucatu, v. 12, n. 27, 2008
FERREIRA, Lívia Leal et al. Ligas acadêmicas: o que há de positivo? Experiência de implantação da Liga Baiana de Cirurgia Plástica. Salvador – BA. Rev Bras. Cir. Plástic, 23(3): 158-61, 2008
HAMAMOTO FILHO, P. T. et al. Normatização da abertura de ligas acadêmicas: a experiência da Faculdade de Medicina de Botucatu. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, 2010
PERES, C. M.; ANDRADE, A. S.; GARCIA, S. B. Atividades extracurriculares: multiplicidade e diferenciação necessárias ao currículo. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, 2007.
AZEVEDO, R.P.; DINIZ, P.S. Guia para construção de Ligas Acadêmicas. Ribeirão Preto: Assessoria Científica da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, 2006
TAVARES, A. P.; FERREIRA, R. A.; FRANÇA, E. B. et al. O "Currículo Paralelo" dos estudantes de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Rev Bras Educ Med. 31(3): 254-65, 2007.
MAFRA, S. Ligas acadêmicas. Diretórios Acadêmicos: CREMEPE, Pernambuco, v.2, n.7, 2006.
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retirado de :http://semiologiamedica.blogspot.com/

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