O estrabismo é um distúrbio caracterizado pelo
desalinhamento dos olhos que ocorre em decorrência da incapacidade dos músculos dos olhos em trabalharem em conjunto. No estrabismo, não há coordenação entre os olhos, que apontam para direções diferentes e não focam um único ponto ao mesmo tempo. Quem é estrábico é geralmente chamado de vesgo. Existem
três tipos de estrabismo:
convergente (esotrópico),
divergente (exotrópico) e vertical. No tipo convergente, o desvio de um dos olhos é para dentro, voltado para o nariz. No divergente, para fora. No
vertical, um olho fica mais alto ou mais baixo que o outro. As
causas do estrabismo são
desconhecidas. O estrabismo é
mais freqüente entre as crianças, mas pode ocorrer também nos adultos. Atinge de maneira similar homens e mulheres. Estimativas indicam que cerca de 10% dos brasileiros têm estrabismo. Destes, entre 30% e 40% sofrem a manifestação acentuada - quando o desvio angular ultrapassa os 50 graus.
Mais da metade dos casos de estrabismo é congênita - o problema aparece no ou logo após o nascimento. Em crianças, quando os dois olhos falham em focar na mesma imagem, o cérebro deve aprender a ignorar um deles. Se isso não for corrigido, o olho ignorado pelo cérebro nunca verá bem. Essa perda de visão é chamada
ambliopia, e está geralmente associada ao estrabismo.
Alguns distúrbios associados ao estrabismo na infância incluem:
- Retinopatia da prepaturidade
- Retinoblastoma
- Traumatismo cranioencefálico
- Hemangioma perto do olho durante a infância
- Síndrome de Apert
- Síndrome de Noonan
- Síndrome de Prader-Willi
- Trisomia 18
- Rubéola congênita
- Síndrome de Bloch-Sulzberger
- Paralisia cerebral
O estrabismo em adultos pode ser causado por ferimentos na órbita dos olhos ou por danos cerebrais, incluindo traumatismo craniano e derrames. Pessoas diabéticas podem perder circulação. levando a uma condição conhecida como estrabismo paralítico. A perda de visão em um olho, por qualquer motivo, levará o olho a, gradualmente, virar para fora (exotropia). Como os cérebros dos adultos já estão desenvolvidos para a visão, os problemas associados com a ambliopia não ocorrem no estrabismo adulto. Alguns distúrbios associados com o estrabismo em adultos são:
- Diabetes
- Perda de visão provocada por doença ocular ou lesão
- Derrame
- Traumatismo craniano
- Intoxicação paralisante por molusco
- Síndrome de Guillain-Barre
- Botulismo
Histórico familiar de estrabismo é fator de risco. A
hipermetropia pode ser um fator contribuinte. Além disso, qualquer outra doença que leve à perda de visão pode produzir o estrabismo como uma complicação. O estrabismo é facilmente identificável. Os
sintomas são:
- Olhos que parecem cruzados (tente ver a ponta do seu nariz com os dois olhos e você parecerá estrábico)
- Olhos que não se alinham na mesma direção
- Movimentos dos olhos descoordenados (olhos que parecem não se mover juntos)
- Visão dupla
- Visão em apenas um olho, com perda da percepção de profundidade (percepção de profundidade é nossa capacidade de ver em três dimensões, e reconhecer a ordem dos objetos no espaço ao nosso redor)
O diagnóstico do estrabismo é feito por meio de avaliação física que inclui exame detalhado dos olhos. O médico pode pedir que o paciente olhe por uma série de prismas para determinar as diferenças entre os olhos. Os músculos dos olhos são testados para determinar a força dos músculos extraoculares. Além disso, os testes para o estrabismo incluem exame oftalmológico padrão, teste de acuidade visual, exame de retina e exame neurológico.
O tratamento pode ser feito, inicialmente, fortalecendo-se os músculos enfraquecidos e depois tentando-se o realinhamento dos olhos. Isso é feito com o uso de óculos e exercícios para os músculos dos olhos. Se a ambliopia estiver presente, colocar um tampão no olho normal pode forçar a criança a usar o olho afetado. Outra forma de tratamento é a cirurgia de realinhamento dos músculos dos olhos se as técnicas de fortalecimento não forem bem-sucedidas. Uma técnica cirúrgica usada mundialmente para a correção do estrabismo foi desenvolvida pelo oftalmologista brasileiro Edmilson Gigante, de Ribeirão Preto (SP). Com ela é possível operar somente o olho estrábico, em vez dos dois exigidos em outras cirurgias.
O estrabismo pode ser corrigido quanto mais cedo for feito o diagnóstico e o tratamento. Quanto mais tarde for tratado o problema, mais difícil será reverter a perda da visão de um dos olhos.