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6 de nov. de 2010

Arte em extinção

Arte em extinção: "

Desculpem-me hoje estar publicando textos explicitamente de outras fontes, mas não gostaria de deixar de abordar esses assuntos, e não pude me debruçar tanto sobre eles. Mas farão sentido:





Examinar o paciente no consultório está se tornando uma 'arte em extinção'
Nesta época de rápidos avanços tecnológicos, os médicos dedicam cada vez menos tempo ao atendimento de cada paciente. Com isto, parece que examinar o paciente no consultório perdeu relevância, já que muitas vezes é mais fácil simplesmente pedir uma ressonância magnética do que proceder a uma análise cuidadosa do paciente. A opinião é do Dr. Abraham Verghese, um autor consagrado de livros sobre medicina e professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.


Para Verghese, que recentemente mereceu um artigo do jornal New York Times, é preocupante que as escolas de medicina estejam 'deixando os exames pra lá', o que tem resultado em alunos e residentes de medicina que são incapazes de realizar um exame adequado dos seus pacientes.


Por exemplo, ele observa que muitos médicos residentes não sabem coisas tão banais quanto avaliar os reflexos do tendão.


Em suas próprias palavras, ele está em uma 'missão para resgatar a importância do exame físico' dos pacientes.


Ele argumenta que um exame físico cuidadoso é não apenas essencial para o diagnóstico, como também gera confiança entre o médico e o paciente, estabelecendo uma conexão potencialmente profunda.


Verghese, que é professor sênior de teoria e prática de Medicina, criou o chamado Stanford 25, uma lista de técnicas de exame dos pacientes que todos os médicos deveriam saber (?? hmm...).


Os neurologistas poderão ficar felizes ao descobrir que pelo menos um quarto da lista envolve o exame neurológico - uma das áreas, segundo o médico, mais relegada ao 'pedir exames de laboratório'.


Inspirado pelas críticas de Verghese, o neurologista Gordon Smith acaba de propor uma discussão dentro da Academia Americana de Neurologia.


Ele propõe que seus colegas respondam a perguntas como 'Você acha que o exame neurológico do paciente é uma 'arte' em extinção?'


Para o Dr. Smith, é preciso iniciar uma discussão no âmbito do ensino de Medicina, para que a prática perdida, ou em extinção, de examinar os pacientes durante uma consulta, seja reabilitada para preservar a 'saúde do atendimento dos neurologistas'.
Fonte : Diário da Saúde


Como quase todo texto de opinião médica americano esse é um texto cheio de pompa e presunção. Fazer o quê? Eles eles se acham e escrevem assim... 'uma lista de técnicas de exame dos pacientes que todos os médicos deveriam saber'. No final, parece que ele quer vender livro dele...


Mas esse texto tem alguns pontos importantes, que podem se casar - sem querer - com esta nova pequena série "Elementos da consulta" que estou tentando escrever aqui (e o exame físico está por vir). Não é só o médico que gosta dos exames. O patrão do médico também gosta (ele fatura), o sistema de saúde privilegia a solicitação dos exames (paga pouco pela consulta, o médico tem que examinar rápido, consegue concluir pouco e se sente inseguro, a sociedade cada vez mais ameaça o médico de processos), o paciente também gosta ("eu pago R$1.000,00 de plano e quero uma tomografia"), então ele acaba pedindo exames para outras coisas, que não a elucidação clínica (compensar o seu mau e pífio exame físico, satisfazer o paciente demandante, calçar-se documentalmente contra um processo profissional). Nosso sistema privado de saúde é muito parecido em muitas coisas com o americano (que tem se provado caro e ineficiente). Precisamos ler menos livros americanos e ser mais inteligentes.


Não são só os alunos de medicina que não estão aprendendo a examinar (se não estão aprendendo isso provalvelmente é culpa das escolas e dos professores). Os médicos estão tendo suas práticas clínicas atrofiadas pela pressão do mercado (o que um amigo meu chama de 'sufoco de plantão').


Como diria o Dr. Nascimento (pediatra 'caveira' do BOPE, no Rio de Janeiro): "o sistema é f&¨${body}amp;*#". Aliás, acho que vou convidá-lo para escrever alguns textos por aqui... aguardem.


O exame físico talvez esteja se tornando uma arte em extinção porque as pessoas não querem (se você discorda, comente o texto, não se cale) pagar pela receita e economizar no ticket do estacionamento. Ninguém mais paga para ser examinado e esclarecido (bem, seu plano não paga por isso, e você também não está disposto a pagar). Talvez isso seja uma consequência inevitável da evolução da medicina. E para os darwinistas sociais de plantão, eu gostaria de lembrar que evolução não é melhora, mas adaptação. E isso às vezes significa piorar para sobreviver... e é muito triste escrever isso - mas é um fato. Já citei um professor meu que dizia: "A saúde não tem preço, mas ninguém quer pagar por ela' (é uma das poucas frases tristes que me fazem rir sempre que penso nela).


Comente, expresse-se, tenha coragem, manifeste-se. Não se cale... não gostou? Então, pede pra sair... hehehe - oh, maldade. Infelizmente, muito médico tem pedido pra sair.... mas isso é para outro artigo.


Responda e tente ser sincero (mesmo que comente anonimamente):
  1. Você pagaria por uma consulta diferenciada - ou prefere o modelo nome/exame/'próximo'?
  2. Você se sente acolhido nas consultas do seu médico (não precisa dizer o nome dele)?
  3. Você acha que realmente há alguma diferença entre a consulta particular e pelo convênio para o paciente?
  4. Você acha que alguma coisa se perdeu?
  5. Você gostaria de ver textos (aqui) do Dr. Nascimento?





Um abraço.
COMENTE, isto é um blog, não um livro



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