QUE TIPO DE MÉDICO VOCÊ QUER SER?
Há 100 anos, a costureira, o sapateiro, o alfaiate e o carpinteiro eram profissionais autônomos.
Em apenas 100 anos ( afinal, o que são 100 anos para a Hstória?), as rodas das engrenagens da história e a evolução das relações sociais e econômicas aprisionaram definitivamente estes profissionais como proletários assalariados.
Olhando desta perspectiva histórica, o médico é talvez o último dos Moicanos.
Na verdade, a luta que ora se trava, entre os médicos e os planos de saúde, desde a promulgação da Lei 9656, não é a luta dos planos de saúde contra os médicos.
Na verdade, o que está em jogo é o modo como o médico, como força de trabalho, está sendo convidado a ser, e será inserido, por bem ou por mal, dentro das relações econômicas da sociedade brasileira.
Poderosíssimas forças históricas do capitalismo nacional querem proletarizar ( essa é a palavra) uma categoria profissional orgulhosa de sí, culta e tradicionalmente liberal. Não será tarefa fácil para eles.Afinal, dizem por aí que o estudante de Medicina, depois o médico, são os bichos mais inteligentes da fauna brasileira.
Os médicos constituem uma categoria que bebe diuturnamente na fonte da ciência e da tecnologia, que se mantém atualizada por seus próprios meios e iniciativas, independentemente, e até mesmo apesar do Estado, e que se orgulha, e sempre se orgulhou, de ser uma das maiores, senão a maior, vanguarda acadêmica e científica do nosso país.Que profissional cultua desde sempre a tradição de manter-se constantemente atualizado e estudando como o médico? E o médico faz isso por si só, pelo amor a sua profissão, e pelo amor ao seu semelhante, que é quem usufrui do seu conhecimento. O médico assina revistas científicas, assiste palestras, vai a simpósios, participa de congressos e colóquios, sempre apresentados por quem? Sim, por eles mesmos, pelos médicos!
Na verdade, os médicos são uma espécie de formiguinhas, que, ao se encontrarem, sempre estão trocando informações, trocando idéias, trocando experiências, uns aprendendo com os outros, a melhor maneira de como tratar ou curar o nosso semelhante. Não é pouco.
Assim, colegas, tenhamos o foco real do que está em jogo.
Na verdade, só temos duas opções.
Ou nos manteremos como força de trabalho autômoma e liberal, que se mantém independente econômica e culturalmente do Estado e das forças donas do capital, ou seja, auto-mantida, instruída e constantemente atualizada por sua própria iniciativa e financiamento.
Ou, inexoravelmente, seremos cooptados pela cobiça do sistema econômico, como ocorreu com a quase totalidade dos trabalhadores do Brasil e do mundo, acima citados.
Qual a inserção econômica que o médico quer ter dentro da sociedade brasileira?
Ele quer ser um profissinal liberal autônomo, como tradicionalmente sempre foi?
Ele quer ser um sub-profissional, sem direitos trabalhistas, com relações econômicas precarizadas com aquele que gera riqueza pela exploração do seu trabalho, como ocorre dentro do sistema de saúde suplementar brasileiro atual?
Ou ele quer passar a ser um proletário típico, com carteira assinada, cartão ponto, férias, décimo terceiro, FGTS e aposentadoria?
O médico tem que ter consciência de que forças econômicas poderosíssimas foram criadas e estimuladas pelo ordenamento legal criado pela lei 9656, que foi totalmente desfavorável ao médico profissional liberal e autônomo.
Pelo andar da carruagem, duas categorias de médicos passarão a existir no Brasil, dentro de muito pouco tempo.
De uma lado, uma massa de médicos, os médicos do SUS e dos planos de saúde, explorados, desatualizados, desmotivados, desprezados e desrespeitados pela população, pelos governos e pelas OPSs.Os sub-médicos.
De outro lado, os médicos em extinção, os herdeiros dos antigos esculápios, os verdadeiros descendetes dos velhos hipocráticos, os profissionais liberais autônomos, sempre atualizados, estudando, motivados, praticantes de uma Medicina moderna, carinhosa e humanista, e que não recebem salários nem remuneração monetária. Ponto. Eles recebem honra, eles recebem "honor", eles recebem "honorários", justos, dignos, uma retribuição, dada pela sociedade, que quer estimulá-los, que quer que eles continuem assim, sempre atualizados, em último grau, e por si mesmos. E mantendo com o doente a mesma relação mística e curadora que eles herdaram de seus velhos e honrados ancestrais, baseada na anamnese, no exame físico, e na análise de todos os dados clínicos e complementares, mas centrados numa lógica humanista, respeitosa e acolhedora.
Escolha amigo médico.
Que tipo de profissional você quer ser?
O prazo para essa escolha está se esgotando.
Ainda há tempo?
Vicente, CRM 12303, Moderador
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medepopers
8 de jul. de 2011
QUE TIPO DE MÉDICO VOCÊ QUER SER?
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QUE TIPO DE MÉDICO VOCÊ QUER SER?
2011-07-08T14:43:00-07:00
Lázaro
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